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Mídia e Comunicação: as oportunidades para 2021 se multiplicam

Por: Break | Eduardo Soares
Mídia e Comunicação: as oportunidades para 2021 se multiplicam Eduardo Soares é publicitário, Professor Universitário e vice-presidente da APP Ribeirão

Nem em sonhos, nem em filme, ou naquela previsão mais fora da curva a gente imaginava um 2020 tão diferente em todo o mundo. A pandemia veio de mansinho e ficou. Em um primeiro momento, aquela sensação de impotência diante de um grande inimigo. Nos refugiamos. A casa se tornou escritório. Cuidar da família (e do time em home office) foi a prioridade. Quantas agências e veículos agora têm reuniões virtuais com a participação de filhos, mães, parceiros, pets... E a gente foi percebendo que sim, a maior necessidade humana era a de se comunicar. E nós comunicadores com uma grande missão: manter pessoas e negócios próximos, ainda que distantes. 

Algumas dessas experiências que a gente nem tinha vivido ainda. Experimentamos e vimos que dá certo. Que a máxima dos comunicadores é realmente comunicar. Que enquanto houver pessoas, e a tecnologia para mediar estes encontros, estaremos juntos. A Globo mostrou neste final de ano, como tecnologia e pessoas podem falar mais que dois olhos, unindo os famosos, ainda que distantes, na tradicional campanha de final de ano. Mas se a gente já viu que dá certo, o que vamos colher deste ano para levar para nossos negócios em 2021? 

Se o cenário mundial está em transformação, por conta das crises econômicas e sanitária, a metamorfose no mercado de Mídia e Comunicação então, foi mais rápida e profunda. O e-commerce cresceu como nunca, o on-line se solidificou como uma poderosa ferramenta de comunicação e a TV e o rádio retomaram um espaço importante nessa necessidade de uma comunicação 3600 e conectada em várias mídias.
A Kantar IBOPE Media, empresa de comunicação que pesquisa tendências do mercado de comunicação, já liberou seu relatório com este olhar para 2021 e podemos enxergar muito do que a gente já discute há alguns anos, e com certeza se acelerou agora: o propósito de marca, cuidar do branding, por exemplo. 

As empresas que ainda não haviam entendido essa necessidade de buscar maior conexão com sua audiência, através do conteúdo, entenderam o recado dos consumidores em 2020. Lembro aqui os próprios protestos mundiais de fãs das marcas que pressionaram as empresas, inclusive o Facebook, para que a rede tomasse uma postura em relação ao racismo e as fake news, e por mais direitos humanos. Os dados da pesquisa ainda revelam que hoje "para 49% dos consumidores, agir com responsabilidade é o que mais influencia a reputação de uma marca". 

Outra tendência importante, e que ficou claro neste ano para 2021, é que a TV tradicional e o streaming caminhem juntos. Um bom exemplo é a Disney chegando por aqui. Vimos o crescimento do consumo de conteúdo nas plataformas já existentes e oportunidades de se criarem ações multiplataformas, transmídia, que criam o conceito, segundo Henry Jenkins, de "perfurabilidade", onde o consumidor de conteúdo quer saber mais, quer conhecer personagens, quer ter mais informações, quer assistir novamente e ter acesso a mais deste universo, procurando, indo em frente, perfurando. 

Isto nos leva a importância de unir o poder das mídias sociais e do e-commerce para potencializar este consumo, alinhado às expectativas de quem busca essa relação mais intensa com a marca. Só nos Estados Unidos, por exemplo, 63% dos consumidores começam suas buscas de compras primeiro pelo Google. Principalmente para os "millennials", as mídias sociais seguem sendo uma grande e poderosa vitrine. E para 2021, essa comunicação omnichannel, que chamamos de multiplataforma, multicanal devem se tornar mais acessíveis, principalmente para pequenos negócios que estão em crescimento e ganham participação de mercado e possibilidades de investimento em mídia. O SIM, lançado pela EPTV, está aí como uma possível porta de entrada para isso. 

Para quem consome comunicação, o cuidado deverá ser em manter esse indivíduo por perto, interessado e conectado com o que ele gosta. Para quem produz conteúdo, o desafio é de ser interessante todos os dias, mas de um jeito diferente. E para quem investe em mídia, o objetivo maior é compreender melhor com quem quer falar, e como preencher está página em branco para se aproximar de uma audiência que carrega um comportamento cada vez mais único e complexo. Ainda segundo o relatório do Kantar, o consumo de mídia cresceu de forma importante. Só em abril, a navegação na internet aumentou 64%, o consumo de vídeo online 54% e o engajamento em mídia social em 56%. 

A meu ver, o maior desafio da Comunicação em 2021 será o de ouvir mais. Seja através dos números, onde as campanhas se tornam "data driving", guiadas por dados, seja nas redes sociais, nos reviews, nos acessos, aplicando pesquisas, de alguma forma buscando compreender que essa grande audiência, ansiosa por conteúdo, independente de em qual ambiente estiver, busca algo que tenha relevância e propósito. Porque se não houver essa conexão de intenção, valores, desejos e prazer, como diria o poeta Carpinejar "sem paixão, nem chupar uma bergamota, terá o mesmo prazer. Porque quem está apaixonado nem se preocupa com o cheiro de tangerina nas mãos." 

E já que o escritor Peter Drucker afirma que "a melhor forma de prever o futuro é criá-lo", fico para o próximo ano com a atitude do mestre da arte e da música, Emicida, onde em sua canção "AmarElo", nos convida a aprender e a projetar o novo: "Pra que amanhã, não seja só um ontem com um novo nome".